terça-feira, 24 de março de 2009

BLOG, COMUNICAÇÃO, SARTRE, TAGUATINGA & BIGODE

“(...) é preciso não colocar estranheza onde não existe nada.

Creio que é esse o perigo, quando se faz um diário:

exagera-se tudo, vive-se à espreita,

deforma-se constantemente a verdade”.

Jean-Paul Sartre, A Náusea


Estou aqui mais uma vez. Apaguei textos antigos e mantive os dois abaixo. O primeiro contém o sentido original do blog e o segundo é exatamente do que trata o prefácio acima, e algo que busco equilibrar melhor a partir de agora.

Estou aqui mais uma vez porque ainda acredito no que tenho pra dizer. Acredito tanto que mesmo sem saber como, perdido, confuso, faço da crise existencial de minha cidade (e/ou da minha própria) o trabalho final da formação que persigo há sete anos: Comunicação Social.

Devidamente orientado, percebo que o formato de um produto fala por si quase ou tanto quanto seu conteúdo. O formato é a superfície, é o que salta, é o perceptível de um objeto ou de uma pessoa. O formato sugere o conteúdo do objeto, mas o conteúdo depois de aprofundado e reconhecido, revela que o formato muito mais que sugere, o formato é o próprio conteúdo. “Palavras e imagens são como conchas, não menos partes integrantes da natureza do que as substâncias que cobrem, porém, melhor dirigidas ao olhar e mais abertas à observação” (George Santanaya, Soliliquies in England and Later Soliloquies).

Quase desisti de transformar Taguatinga e sua condição de cidade/não-cidade no projeto final do meu curso acadêmico de Comunicação Social. É difícil enquadrar o sentimento em um formato interessante, pertinente e que faça sentido dentro da comunicação e da academia. Contudo, parafraseando Sartre (e que ele me perdoe por isso), Taguatinga me impregna e eu a devolvo “por radiação, como os lagos, à noite, devolvem o calor do dia”.

Não posso fugir: é preciso falar de Taguatinga, do Distrito Federal, de Brasília. Farei um produto que apresente e discuta Taguatinga. Algo como um guia, um manual. Esse é o formato: quero dar forma para Taguatinga. E que Taguatinga olhe para si e se reconheça.

O BLOG & O BIGODE

O blog será meu diário, meu escape e meu arrazoado para um memorial descritivo - a parte acadêmica do trabalho. Não quero este espaço rígido, formal e pesado. Pretendo mantê-lo blog em sua acepção natural: canal aberto para um bate-papo textual virtual comigo mesmo e possíveis leitores.

No blog descrevo e descarrego meus causos, minhas leituras e meus pensamentos; permito-me bobagens e devaneios como os que se apresentam:

- Para adquirir respeito quando eu precisar fazer entrevistas para meu livrinho, decidi cultivar um bigode mamãe quero ser gente. A natureza não me agraciou com um bigode amazônico, denso e fechado, mas farei de meu cerradinho espaçado o bigode possível.

Cito Sartre mais uma vez: no livro autobiográfico As Palavras, o escritor nos revela que já foi corrente o seguinte pensamento: “Um beijo sem bigode é como um ovo sem sal”.

Não é que distribuirei beijos nos entrevistados, entendam bem, quero dizer apenas que o bigode comporá junto com o resto da fachada projetada por mim - roupa, postura, gestos e timidez aparente - uma pessoa séria, que fala de coisas sérias e não perde tempo com bobagens como papo sobre bigodes.

Sendo formato, o bigode denunciará a personalidade que devo sugerir: à luz do meu bigodinho boliviano escancarado, quero parecer sério para ser sério o tanto que é sério o que encaro seriamente, esse papo todo sobre Taguatinga.

Estou na fase de definir formatos.

Um comentário:

felipe disse...

conheça o: http://participi-o.blogspot.com/

E participe!

felipe